Rildo

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Dores alheias e o sonho perdido

As pessoas até que podiam sentir as dores alheias, procurar entender e respeitar o pranto e o clamor de seus irmãos, na busca por justiça e respeito a pessoa humana. Entretanto, não o faz e na maioria das vezes só se manifesta quando a dor da injustiça atinge seus corpos isolados em egoísmo e enrustidos em desfaçatez sólida e brutal.
Parece natural, mas será? O natural não seria ser altruísta e solidário ao sofrimento das outras pessoas, que na maioria das vezes é ignorada porque nossa barriga está cheia? Difícil chegar a estas respostas, pois nossa sociedade aparenta ser treinada e viciada a viver na singularidade e num mundo blindado pela prepotência e insensatez, de quem só pensa no seu mundo interior e egoísta. São poucas as esperanças, surge um estado de pessimismo e parece que caminhamos a cada dia ao fim da linha de um trem carregado de bondade que passou sem parar e não voltou mais, levando assim os sonhos do bem.
Poucos de nós cultivamos a empatia, no campo das emoções nossa conexão com o sofrimento do outro é quase sempre restrita e minimizada pelos desejos individuais e pela falta de sensibilidade humana. É uma ideia de “farinha pouco meu pirão primeiro”, e esses fatores podem nos encaminhar a viver sempre na mediocridade e no submundo do faz de conta que eu não vejo as lágrimas invisíveis de meus semelhantes, pois quem sabe a minha falsa alegria consola as dores e os clamores de quem passa fome por dignidade humana.

O que é perceptível é o sonho perdido de uma minoria de pessoas que esperam a concretização de se construir dias melhores, readaptar os comportamentos, equilibrar na balança da bondade as lágrimas e os sorrisos, viabilizar uma sociedade mais sensível e sensata, caminhar quando se pode de mãos dadas com os esquecidos e ignorados pelos falsos humanos, que imaginam ser eternizados com suas panças cheias de arrogância e orgulho vil. E, por fim, o que nossos irmãos estão sentindo, suas dores, seus temores, seus clamores que pra escutar não precisa tocar os tambores, basta que em algum momento da vida, olhemos para nosso lado e tenhamos a capacidade humana em frente ao espelho e ver o reflexo da nossa omissão, submissão ao sofrimento de nossos irmãos de caminhada nesse mundo (in) finito.

Não sou doutor, nem mestre e nem sei escrever, junto as palavras e mando meu recado.

Rildo Rios

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