As pessoas até
que podiam sentir as dores alheias, procurar entender e respeitar o pranto e o
clamor de seus irmãos, na busca por justiça e respeito a pessoa humana.
Entretanto, não o faz e na maioria das vezes só se manifesta quando a dor da
injustiça atinge seus corpos isolados em egoísmo e enrustidos em desfaçatez sólida
e brutal.
Parece
natural, mas será? O natural não seria ser altruísta e solidário ao sofrimento
das outras pessoas, que na maioria das vezes é ignorada porque nossa barriga
está cheia? Difícil chegar a estas respostas, pois nossa sociedade aparenta ser
treinada e viciada a viver na singularidade e num mundo blindado pela
prepotência e insensatez, de quem só pensa no seu mundo interior e egoísta. São
poucas as esperanças, surge um estado de pessimismo e parece que caminhamos a
cada dia ao fim da linha de um trem carregado de bondade que passou sem parar e
não voltou mais, levando assim os sonhos do bem.
Poucos de nós
cultivamos a empatia, no campo das emoções nossa conexão com o sofrimento do
outro é quase sempre restrita e minimizada pelos desejos individuais e pela
falta de sensibilidade humana. É uma ideia de “farinha pouco meu pirão primeiro”,
e esses fatores podem nos encaminhar a viver sempre na mediocridade e no
submundo do faz de conta que eu não vejo as lágrimas invisíveis de meus
semelhantes, pois quem sabe a minha falsa alegria consola as dores e os
clamores de quem passa fome por dignidade humana.
O que é perceptível
é o sonho perdido de uma minoria de pessoas que esperam a concretização de se construir
dias melhores, readaptar os comportamentos, equilibrar na balança da bondade as
lágrimas e os sorrisos, viabilizar uma sociedade mais sensível e sensata,
caminhar quando se pode de mãos dadas com os esquecidos e ignorados pelos
falsos humanos, que imaginam ser eternizados com suas panças cheias de
arrogância e orgulho vil. E, por fim, o que nossos irmãos estão sentindo, suas
dores, seus temores, seus clamores que pra escutar não precisa tocar os tambores,
basta que em algum momento da vida, olhemos para nosso lado e tenhamos a
capacidade humana em frente ao espelho e ver o reflexo da nossa omissão, submissão
ao sofrimento de nossos irmãos de caminhada nesse mundo (in) finito.
Não sou doutor, nem mestre e nem sei escrever, junto as palavras e mando meu recado.
Rildo Rios