Rildo

sexta-feira, 8 de abril de 2022

NA LAVAGEM DO JUDAS, TEM SOPRO DA ALEGRIA

Na Páscoa a Festa de Queima de Judas em Pé de Serra, possivelmente tem quase um século de existância e é um evento popular e democrático feito pelo povo para o povo. Na sexta - feira Santa tem a subida ao cruzeiro e visitas a outras paisagens da cidade, onde muitas pessoas que moram em outros lugares vem a Pé de Serra visitar os familiares e amigos, assim como contemplar as belezas naturais e a Cultura deste pequeno lugar.

No sábado de aleluia é esperada a LAVAGEM DE JUDAS, onde uma ultidão segue o cortejo pelas ruas da cidade, mas: De onde vem os sons que animam o povo há mais de 80 anos? do além é que não é! Vem das bandas de sopros de Pé de Serra, onde músicos se empenham com ensaios e preparação para tocas os velhos sambas de lavagem, que nunca devem ser esquecidos. A lavagem vem do "beco do bagaço" [...], com o boneco de judas, o povo e a Banda Sopro da Alegria que esse ano estará tocando para o povo, andando, soprando e machucando a boca e o corpo. A Banda precisa ser lembradae valorizada! Ninguém pega um instrumento à toa e sai tocando, tem todo um trabalho e esforço para issom acreditem!

E, nao importa muito o nome da Banda, o povo quer escutar os sons que contagiam nossa gente, precisam ouvir ARRIBA A SAI PEIXÃO[..], e muitas outras músicas que registam a nossa história e a nossa cultura. Viva a Música! Viva A FILARMÔNICA LIRA 6 DE AGOSTO e viva a vida com Sopros de Alegrias. Assim seremos mais felizes e carregaremos a essência do bom viver.


A HISTÓRIA DO JUDAS DE PÉ DE SERRA 

O Judas foi criado em 1939, por Gaspar e Tavinho e não era nada parecido com o de hoje. No ano de 1945, Roque Carneiro Rios, conhecido como Léu, esposo de D. Zizi, descobriu que na cidade de Tanquinho havia vários fogueteiros da família Adorno, descendentes de italianos. Um deles era Antônio Pereira Adorno, conhecido nas regiões como Antônio Fogueteiro, na época com apenas 21 anos, que fazia fogos de artifícios em épocas de festas.

Dois anos depois, Antônio Fogueteiro decidiu deixar sua terra natal e sua família, pois, apesar de ter vindo poucas vezes em Pé de Serra, tinha se encantado pela cidade. Seus planos já estavam traçados por aqui. Logo ele casou-se com Cleonice, conhecida por Ninice de Memenca e construiu uma família com 12 filhos. Antônio também era farmacêutico e era, na época, quem fazia os diversos curativos das pessoas.

Com o tempo, surge dele a ideia de fazer um boneco com bombas para ser queimado no Sábado de Aleluia, trazendo então muitas alegrias para o povo pedesserrense e visitantes.

O Judas que saía nas ruas era o mesmo que era queimado à noite. Ficando com medo de acontecer algum acidente e não ter a atração principal à noite, Antônio Fogueteiro teve a ideia de fazer outro Judas para sair durante o dia, ficando o outro para ser queimado à noite.

Os pedesserrenses ficavam encantados com a Lavagem e a Queima de Judas e os visitantes vinham de muitos lugares pra ver de perto o que tanto era comentado e saíam satisfeitos, pois jamais haviam visto coisa igual. A cada ano o número de pessoas só aumentava para ver de perto o Judas de Pé de Serra.

Até hoje o Judas é uma das nossas mais belas atrações de nossa cidade. As tardes de sábado de Aleluia ficam bem mais animadas com a chegada do Judas e com a Lavagem animada pela Lira 06 de Agosto, conhecida popularmente por “Charanga” e que toca os contagiantes sambas de lavagem, e as assustadoras caretas e homens vestidos de mulheres.

À noite, rompido a Aleluia, é lido o Testamento "deixado pelo Judas" e que é mais parecido com um engraçado cordel, com os principais fatos e personagens do último ano. Logo após, acontece a tão esperada Queima do Judas em praça pública, acompanhada pelo magnífico show pirotécnico com aviãozinho, rojões, disco, etc. e que a cada ano fica mais bonito e criativo.

Hoje essa tradição ainda é mantida viva, mais infelizmente o Sr. Antônio Fogueteiro não se encontra mais entre nós, porém seus filhos aprenderam o ofício de fogueteiro passando assim essa tão brilhante tradição de geração para geração.