A cada ano a festa cresce e com isso sua repercussão vem atraindo cada vez mais turistas e pesquisadores, esses prestigiam uma tradição popular quase em “extinção” na cidade de Pé de Serra, localizada na Bacia do Jacuípe, a 220 km da capital Salvador.
A expectativa para esse ano é de receber mais de 5.000 turistas que logo na chegada da cidade se encantam com a beleza natural das Serras do Leão e do Buji. Talvez por isso, na Sexta-Feira da Paixão subir às Serras do Leão e Monte Belo seja mais do que um ato de muita adrenalina e contato com a natureza exuberante da caatinga.
No sábado, acontece a famosa Lavagem do Judas, arrastando uma multidão eufórica pelas ruas da cidade que dançam ao som dos sambas de lavagens e outras melodias puxadas pela conhecida “Charanga”, a Lira 06 de Agosto. Muitas pessoas participam fantasiadas com diferentes tipos de caretas, sendo as mais criativas premiadas no final da festa.
À noite, rompido a Aleluia, é lido o Testamento "deixado pelo Judas" em formato de cordel e que evidencia os principais fatos e personagens do último ano na cidade. Logo após, acontece a tão esperada Queima do Judas em Praça Pública, acompanhada por um show pirotécnico com aviãozinho, rojões, discos e etc.
Histórico e Tradição
As comemorações da Páscoa no município de Pé de Serra existem desde o século XVIII. Inicialmente, o evento tinha um caráter religioso, pois, seus moradores subiam nos cruzeiros da Serra do Leão e do Monte Belo, considerando-os como locais sagrados e de adoração, onde o trajeto da escalada representava a Via Sacra da Paixão e Morte de Cristo.
Posteriormente, no final da década de 30 do século passado, outros elementos culturais considerados “profanos” como a Lavagem e a Queima do Judas, bem como o seu Testamento, foram introduzidos e incorporados às comemorações da Páscoa na cidade.
O Judas de Pé de Serra foi criado em 1939 pelos Senhores Gaspar e Tavinho Rios, porém, o Boneco mais “odiado” pelos cristãos, ao longo do tempo, ganhou outras configurações.
O formato atual do Judas surgiu 15 anos depois, no ano de 1945, quando o Senhor Roque Carneiro Rios, conhecido como Léu, descobriu que na cidade de Tanquinho havia vários “fogueteiros”, descendentes de italianos, da família Adorno. Um deles era Antônio Pereira Adorno, conhecido na região como Antônio Fogueteiro.
Na época, com apenas 21 anos, Antônio Fogueteiro fazia fogos de artifícios em épocas de festas, sendo, por isso, contratado para fazer os fogos dos festejos da Páscoa. Dois anos depois, Antônio Fogueteiro decidiu deixar a cidade de Tanquinho, pois mesmo tendo vindo poucas vezes em Pé de Serra, havia se encantado pelo lugar.
Com o tempo, Antonio Fogueteiro teve a ideia de fazer um boneco com bombas para ser queimado no Sábado de Aleluia, trazendo então inovação e alegria para pedeserrenses e visitantes, que nessa época, já eram muitos.
Organização do Evento
A produção do evento todos os anos fica por conta da Prefeitura Municipal de Pé de Serra, através da Secretaria de Educação e Cultura e já faz parte do Calendário Cultural do Território de Identidade da Bacia do Jacuípe, configurando-se assim, como uma das principais tradições do Vale do Jacuípe.
“Hoje, o Judas é uma das mais belas atrações de Pé de Serra e região, mesmo após o falecimento do senhor Antonio Fogueteiro essa tradição manteve-se viva, pois, os seus filhos aprenderam o ofício de fogueteiro, passando, desta forma, essa tão brilhante tradição de geração para geração”, defendeu Antonio Fernandes, um dos organizadores da festa.
Após a queima do Judas, os festejos continuam com bandas, artistas locais e de renome na praça principal da cidade.
Programação da Festa:
Sexta- Feira- 6:00 às 18:00 horas- Visita à Serra do Leão e ao Monte Belo.
Sábado- 16:00 horas às 18:30 horas- Lavagem do Judas com a Filarmônica Lira 06 de
Agosto, conhecida popularmente por “Charanga.
23:30 às 12:00 horas - Testamento do Judas e Queima do Judas
12:00 horas- Show Pirotécnico na Praça principal da cidade
12:30 horas- Show com as Bandas e artistas locais
Por Laura Ferreira
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